São Camilo Sul - Palestra com psiquiatra revela as verdades sobre o suicídio
29 de setembro de 2016 - 19:15

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Palestra com psiquiatra revela as verdades sobre o suicídio
Suicídio: Não mate essa palavra. Falar ainda é a melhor prevenção

Enquanto você lê está matéria, 5 mil pessoas pensam em suicídio em Concórdia. A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, e a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. Até 2020 poderá ocorrer um aumento de 50% na incidência anual de mortes por suicídio em todo o mundo, o que ultrapassa o número de mortes decorrentes de homicídios e guerra combinados, além das mortes por infecções virais. O Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios, e na região 15 suicídios aconteceram só em 2016.

São tantos números para digerir junto com um assunto cheio de tabus que fica preocupante quais ainda serão as revelações até o fim da matéria. O pensamento ainda é de dúvida.  Todos esses números citados são verdadeiros? Até o fim do texto vai entender que o amigo não queria só chamar atenção quando atentou contra a própria vida e que falar sobre suicídio não é incentivar o ato, mas sim salvar vidas.

Uma questão de saúde pública. Este ano, o Hospital São Francisco e Plano de Saúde São Camilo abraçaram a causa “setembro amarelo” e desenvolveram ações de conscientização. Foi realizada uma palestra com o psiquiatra Cristiano Tierling sobre Suicídio e além dos dados apresentados, uma das surpresas foi a presença silenciosa da turma do Ensino Médio da Escola Professor Olavo Cecco Rigon.

Fatores de risco

Nas quase duas horas de conversa com Tierling, se observou que o suicídio está diretamente ligado com os transtornos psiquiátricos como depressão, transtorno bipolar, alcoolismo, dependência de outras drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia. Dentro dos fatores de risco o transtorno de humor aparece com o maior índice, 35.8%, seguido do transtorno por uso de substâncias psicoativas, 22,4%, esquizofrenia 10,6% e transtorno de personalidade 11,6%.

Conforme Tierling é possível prevenir o suicídio. “Quando falamos de suicídio não estamos incentivando as pessoas a praticar, muito pelo contrário, estamos ajudando. Conversar é a uma das melhores práticas. As vezes um pouco de atenção é o que está faltando. Saber mais sobre o assunto, ajuda a identificar as pessoas que precisam de um tratamento e um tratamento pode salva-las”, reforça.

Conforme dados do Instituto Médico Legal de Concórdia, entre 2015 até setembro de 2016, foram registrados 30 casos de suicídio nos 13 municípios atendidos pelo IML. Destes, 26 foram cometidos por homens. O índice equivale ao número nacional, em torno de três vezes mais entre os homens do que nas mulheres. O curioso é que as tentativas de suicídios são inversas, em média, três vezes mais frequentes entre as mulheres.

Tierling explica que papéis masculinos estão associados a maiores níveis de força, independência e comportamento de risco. “O reforço a esse papel de gênero muitas vezes impede os homens de procurar ajuda para os sentimentos suicidas e depressivos. As mulheres ainda conseguem buscar ajuda no desabafo. Há evidências de que conflitos em torno da identidade sexual causem um maior risco de comportamento suicida.”, confirma.

Além das doenças mentais, aspectos sociais (desemprego, isolamento social, viúvos, populações indígenas adolescentes e moradores de ruas entre outros), aspectos psicológicos (perdas recentes, pouca resiliência, personalidade impulsiva, agressiva, abuso físico ou sexual na infância, desesperança, desamparo e desespero) e condições de saúde limitante ( doenças orgânicas incapacitantes, dor crônica, doenças neurológicas como epilepsia, Parkinson, trauma medular, AIDS, tumores malignos), também são fatores relevantes que levam uma pessoa ao suicídio.

Adolescência

Geralmente, quando alunos da idade entre 14 a 17 anos são levados a uma palestra, muitos ficam impacientes, burlam os olhares da professora e agarram os celulares, sentam nas últimas filas para entrar e sair sem serem percebidos. Mas desta vez, mais uma surpresa, os alunos do ensino médio da Escola Professor Olavo Cecco Rigon, silenciaram o auditório do Hospital Francisco e escutaram atentamente as mentiras e verdades sobre o suicídio.

“Está é uma turma que trabalha durante o dia e estuda a noite. Estão em uma idade complicada, descobertas, dúvidas. Às vezes não entendem e não sabem como lidar com suas frustrações. É um grupo de risco”, identifica a professora Keila Sabadin Presotto que acompanhava a turma.

Entre as estratégias para que se possa amenizar os choques dos números de suicídios na adolescência, ou em qualquer idade, Tierling cita opções, lembrando sempre que o objetivo é prevenir. “Campanhas nas escolas que problematizam o assunto, de forma a desconstruir tabus e facilitar a prevenção, seria um dos métodos. A prevenção não deve se iniciar apenas nos centros com foco na saúde mental, mas deve ser observada em todos os âmbitos do sistema de saúde”, explica.

Os famosos

O psiquiatra Cristiano Tierling surpreende a plateia quando mostra a fotografia de pessoas famosas que cometeram suicídio por motivo de transtornos mentais. Entre eles está o cantor Kurt Cobain e o ator Robin Williams. Mas Tierling também prova que um tratamento pode manter viva as pessoas que se  enquadram nos aspectos de riscos. Quem imaginaria que o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama é TB (Transtorno Bipolar). O transtorno mais associado ao comportamento suicida e mesmo assim tem vida social e ainda comanda a maior influência econômica mundial.

Você está chegando ao fim do texto e ainda assim 5 mil pessoas pensam em suicídio em Concórdia. A frase não é para chamar atenção, o número é calculado conforme o índice populacional, anunciado pelo psiquiatra Cristiano Tierling. Agora é só parar e pensar quantas pessoas você pode ajudar. Falar ainda é a melhor forma de prevenir.

Palestra

O Hospital São Francisco e o Plano de Saúde São Camilo darão continuidade no trabalho. As entidades conseguiram mostrar que o tema suicídio pode fazer parte do dia - a - dia sem o preconceito e tabus. Em outubro será realizado o 1º Seminário de Transtornos Mentais na Infância e Adolescência: Impacto do Ambiente Escolar e Acadêmico, nos dias 7 e 8, tendo como público alvo os profissionais da área da saúde e da educação. As inscrições poderão ser realizadas pelo email rsocial@hospitalsaofrancisco.com, com os seguintes dados: Nome completo, telefone, e-mail, instituição/cargo.

Texto: Ascom São Camilo Regional Sul | Rafaela Pille
Fotos: Ascom São Camilo Regional Sul | Rafaela Pille

 

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