Conversar com a família sobre doação de órgãos é tão necessário quanto ser um doador. Ter escrito em algum documento, como muitas pessoas ainda tem “doador” ou “não doador”, não determina a intenção, o que sempre prevalece é a decisão familiar. Falar sobre o assunto foi objetivo da ação realizada pelo Hospital São Francisco e Plano de Saúde São Camilo no Dia Nacional de Doação de Órgãos. As entidades estiveram, na terça-feira, 27, no centro da cidade orientando a população.
Uma Displasia do Ventrículo Direito fez Salete Piloni receber um ato de amor de uma família desconhecida. Uma família que perdeu alguém por morte cerebral. Uma família que praticou o amor ao próximo autorizando a doação dos órgãos. Salete recebeu o coração.
Quando passou pelo processo cirúrgico, Salete tinha 51 anos, por muito tempo buscou tratamentos e nada adiantava. O transplante era a solução. Salete ficou na fila de espera por 42 dias. As cenas de ficar sentada ao lado do telefone esperando ele tocar ou toda vez que o telefone tocava a ansiedade transbordava, não foram cenas de filmes, foram cenas da vida de Salete. E ainda são cenas da vida de milhares de Salete.
Hoje, com 55 anos, de coração transplantado, ela avisa, “Se precisar, de mim podem levar o que prestar”. Por toda angustia que passou, desde os anos de tratamento até o transplante, Salete ainda consegue descontrair, mas manda um recado. “Sabemos o quanto é difícil para a família tomar a decisão de doar ou não na hora da morte cerebral. Devemos sempre nos colocar dos dois lados, mas apesar da dor vamos salvar vidas e isso é um ato de amor imensurável: ajudar quem você não conhece e nem vai conhecer”.
Salete é de Concórdia e fez o transplante na Santa Casa de Curitiba. O que sabe sobre o novo coração é que ele veio de Florianópolis com vontade de continuar pulsando, continuar uma vida.
Fazer um transplante exige o envolvimento de muitas pessoas em várias etapas. Tudo começa com um paciente e a confirmação da morte cerebral. Está será a próxima ação do HSF e Plano de Saúde São Camilo no dia 30 de setembro. Será realizada a palestra “Doação de órgãos”, ministrada pela enfermeira e coordenadora da UTI adulto e da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), Silvana Bonatto Sordi. O encontro acontece no auditório do HSF e é gratuita, mas é importante que uma reserva seja feita pelo telefone (49) 3441-4670.
Silvana antecipaque só neste ano já foram realizadas seis captações de órgãos. “Dentro da nossa realidade uma pessoa consegue salvar até oito vidas. Porque são captadas córneas, coração, rins, pulmões, fígado e pâncreas”. O Hospital São Francisco foi credenciado pelo Ministério da Saúde para captação de Órgãos em 2007 e desde então já realizou 40 captações.
